Sim, seguiu. Ainda hoje é! O pai dele era daqueles lavradores ricos, ali na zona Oeste. Chegou uma altura, já perto dos concursos nacionais, que disse ao grupo que ia para padre. Os colegas achavam que ele ia para uma das engenharias. A gente ficou a olhar, até porque ele era um rapaz bonito. Ele agarrava-se às colegas, dançava. Nós brincávamos com ele. Ele era brincalhão também. Ainda hoje acho que é um padre muito dinâmico e muito progressista, digamos assim. O pai veio falar comigo: “Veja lá se o convence [a não ir para padre]. Dava-lhe casa, carro e ele não queria nada. Ele queria ser padre. Depois, ele veio falar comigo: “Importa-se de me levar a Lisboa? O meu pai não me leva.”. Lá fui levá-lo ao Seminário de Almada. O pai, a certa altura, começou a ceder um bocadinho. Como sabia que eu tinha casa em Queluz - desde solteiro comprei logo um apartamento - e que, às vezes, eu ia lá ao fim de semana, e ele disse-me: “Se você for a Lisboa, diga-me que eu venho cá trazer-lhe umas sacas de batatas e você leva ao Seminário!”. Houve um ano, era o Dia Diocesano da Família e eu perguntei se ele queria ir lá visitar o filho. Assim foi. No fim da viagem disse que tinha uma ideia diferente do que era o seminário, que gostou de os ver. A partir daí, sempre que eu ia a Lisboa, carregava o carro com coisas para levar ao filho dele. Depois, o aluno convidou-me para ser o padrinho de crisma. Lá fui, com muito gosto.